Vivemos em um país rico em recursos naturais, banhado por sol o ano inteiro e com as maiores bacias hidrográficas do planeta. Já pensou no potencial que todos esses recursos têm para gerar energia limpa? Pois é.
Apesar de toda essa diversidade de recursos, a maior parte da energia que abastece o Brasil é gerada em usinas hidrelétricas, o que leva à escassez de energia e ao aumento das tarifas em períodos de seca, por exemplo.
Para mudar esse cenário, é necessário diversificar as matrizes energéticas e descentralizar a geração, tornando a produção de energia mais capilarizada e mais próxima ao consumidor. Mas como tornar isso possível?
Através da geração distribuída, autorizada pela Aneel em 2012, passou a ser possível que o consumidor produza energia limpa para o próprio consumo e injete a energia excedente na rede da concessionária, compartilhando essa energia com outros consumidores.
A lógica por trás da geração distribuída é multiplicar as possibilidades de geração de energia limpa, diversificando as fontes de abastecimento e tornando todo o sistema elétrico mais estável e resiliente. Assim, as pessoas podem produzir a própria energia e ter mais autonomia sobre como desejam consumir eletricidade.
No momento atual do país, a geração distribuída de energia pode fazer a diferença no abastecimento e na redução da poluição. Se um grande número de consumidores optar pela instalação de painéis solares no telhado de suas casas, ou por sistemas eólicos no topo de seus edifícios, aproveitando a força dos ventos, a energia gerada localmente poderia suprir a demanda, evitando um apagão.
Quer entender como funciona a geração distribuída? Fique por dentro de tudo:
O que é a geração distribuída
Agora que você já entendeu a necessidade de ampliar a produção de energia através de matrizes sustentáveis, você vai entender o que é, de fato, a geração distribuída (GD).
Resumidamente, a produção de energia é classificada como geração distribuída quando é realizada a partir de fontes renováveis, com equipamentos ou sistemas instalados na própria unidade consumidora ou em local próximo a ela, desde que esteja na mesma área de concessão.
Nesse sistema, parte da energia produzida é consumida simultaneamente pelo imóvel em que o gerador está instalado, e a outra parte, que excede a necessidade de consumo da instalação, é injetada na rede elétrica da concessionária, para ser aproveitada por outros consumidores da região.
Esse processo gera o chamado crédito de energia, que poderá ser utilizado pelo próprio produtor para abater o consumo de energia nos meses subsequentes, ou poderá ser compartilhado com outros consumidores, como veremos mais à frente.
Qualquer pessoa pode produzir energia elétrica para o consumo pessoal e ainda injetar o excedente na rede elétrica, desde que cumpra os requisitos das normas definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E muitas pessoas já estão adotando a GD: no início de 2020, o número de unidades consumidoras beneficiadas pela GD era de mais de 270 mil, e vem crescendo exponencialmente desde então.
O sistema de geração distribuída no Brasil saltou da capacidade de geração de 1GW em junho de 2019 para 2 GW em dezembro do mesmo ano. A projeção feita pelo Plano Decenal de Expansão de Energia 2029 (PDE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é de que, em 10 anos, serão produzidos 11,4 GW em geração distribuída, com 1,3 milhão de consumidores gerando energia em sistemas de mini ou microgeração.
As fontes de energia renovável da GD
A geração distribuída é um contraponto à produção de energia elétrica em grandes usinas, que ficam longe dos centros urbanos e são muito poluidoras. No Brasil, o setor elétrico como um todo é a terceira maior fonte de gases de efeito estufa, representando mais de 20% das emissões.
A diversificação da matriz energética, com a introdução de fontes renováveis e a popularização de pequenas usinas espalhadas por todo o território nacional, é o caminho para diminuir a poluição gerada pela produção de energia e garantir o abastecimento elétrico de todo o país. Por isso, a geração distribuída tem se mostrado como uma solução para garantir o desenvolvimento sustentável do setor elétrico.
Conheça as matrizes de energia limpa e renovável mais utilizadas pela GD:
Energia solar fotovoltaica: é produzida a partir do calor e da luz do sol, que são convertidos diretamente em eletricidade por meio de células fotovoltaicas. Sistemas fotovoltaicos podem ser instalados em telhados, terrenos desocupados, estacionamentos ou fazendas, por exemplo.
Energia eólica: é gerada por meio da conversão de correntes de vento em outras formas de energia, usando turbinas eólicas. As turbinas eólicas convertem a força do vento em força de rotação, que é usada para propulsionar um gerador elétrico e gerar eletricidade.
Energia hídrica: utiliza a água em movimento para gerar energia elétrica. A pressão da água flui sobre as lâminas de uma turbina, roda um eixo e aciona um gerador elétrico, convertendo o movimento em energia elétrica. As Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) são usinas pequenas, que aproveitam cursos d’água e têm baixo impacto ambiental.
Energia da biomassa: a geração de energia é obtida por meio da decomposição de materiais orgânicos, como o bagaço da cana-de-açúcar, ou de outros resíduos agrícolas e florestais, além dos aterros sanitários e dos resíduos industriais. Através de biodigestores, o gás gerado na decomposição da matéria orgânica é transformado em energia elétrica.
Além de diversificar a matriz energética, a GD contribui para aproximar a geração de energia do consumidor final, o que reduz os custos com redes de distribuição e as perdas de energia durante o transporte. A capilarização de pontos de geração de energia também reduz drasticamente o risco de interrupção de abastecimento, garantindo uma rede mais estável e resiliente.
Como funciona a GD no Brasil
O setor elétrico brasileiro vem se reestruturando desde a década de 1990, com a reforma que incluiu a desverticalização das atividades, separando os segmentos de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia e estimulando a entrada da iniciativa privada no setor.
A definição da geração distribuída foi oficialmente instituída com o Decreto-Lei nº 5.163, de 30 de julho de 2004. Porém, a possibilidade de gerar a própria energia só se concretizou em 2012, com a Resolução Normativa nº 482, da Aneel. Essa resolução autorizou a geração a partir de fontes renováveis e estabeleceu as condições para a micro e a minigeração distribuída. A norma também criou o sistema de compensação, possibilitando o repasse do excedente à rede pública de distribuição de energia em troca de desconto na conta de luz.
Já em 2015, a Resolução Normativa nº 685, publicada pela Aneel, ampliou o escopo das normas ao permitir a geração de energia para consumo coletivo, como condomínios, e a possibilidade de uso da energia em outra unidade pertencente ao mesmo proprietário, desde que na área de concessão da mesma distribuidora.
De acordo o Sistema de Registro de Geração Distribuída (SISGD), disponível no site da Aneel, o Brasil tem 479.907 microusinas fornecendo energia limpa e mais barata para 613.242 unidades consumidoras, em 5.302 municípios brasileiros. A geração distribuída já representa 5.720 MW de energia disponível no sistema de distribuição, que corresponde a 40% da potência instalada da usina de Itaipu Binacional, que é líder mundial em produção de energia limpa e renovável.
As modalidades de GD
A GD é dividida em microgeração, com usinas de pequeno porte instaladas em residências, condomínios, comércios e fábricas com potência instalada menor ou igual a 75 kW, e minigeração, com usinas hidrelétricas, solares, eólicas ou de biogás instaladas em indústrias, áreas rurais, centros comerciais, entre outros, com potência instalada entre 75 kW e 5 MW.
Existem 3 modalidades de compartilhamento dos créditos de energia elétrica proporcionados pela GD:
Geração compartilhada: a produção de energia é organizada por meio de um consórcio ou cooperativa, que reúne geradores e consumidores. As pequenas usinas produzem energia limpa através de diferentes matrizes e injetam essa energia na rede elétrica da concessionária local, gerando créditos de energia que são abatidos na conta de luz dos participantes do consórcio.
Autoconsumo remoto: a energia é gerada em um local diferente de onde será consumida, desde que os imóveis ou as propriedades pertençam ao mesmo titular (pessoa física ou jurídica) e estejam na área da mesma concessionária de energia. Assim, uma pessoa pode gerar energia para sua casa e para seu comércio utilizando o mesmo sistema de créditos de energia.
Múltiplas unidades: o uso da energia elétrica é feito em unidades consumidoras independentes, localizadas na mesma propriedade ou em propriedades anexas, como condomínios verticais ou horizontais. Nessa configuração, a energia gerada pode ser repartida entre os consumidores em porcentagens definidas pelos próprios condôminos.
No Brasil, a forma de rentabilizar através da GD é chamada de tarifa net metering. A energia excedente é injetada na rede da distribuidora, gerando um crédito que pode ser usado, dentro de um prazo, para abater o consumo quando a unidade não estiver gerando energia, ou compartilhados através consórcios, em que os participantes adquirem a energia por um valor inferior ao praticado pelas concessionárias.
Benefícios da GD para o futuro da energia
Como vimos até aqui, a geração distribuída é uma área promissora para o desenvolvimento do setor elétrico no Brasil. Segundo as projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é esperado que até 2029 o Brasil amplie sua capacidade energética para 221 GW, com a energia sustentável sendo responsável por 84% de toda a produção.
Através da GD, os consumidores têm acesso a uma opção mais sustentável e econômica, têm garantia de fornecimento de energia em regiões remotas e passam a ter opções de escolha na hora de consumir energia. Para o setor elétrico, a GD garante menos impacto ambiental, diversificação da matriz energética, redução de perdas na transmissão e distribuição de energia e menos necessidade de investimentos em sistemas de geração e transmissão de energia.
Além disso, a GD impulsiona a produção de energia através de fontes renováveis, o que poupa os recursos do planeta, diminui a emissão de gases de efeito estufa e evita a construção de empreendimentos de grande porte que afetam a fauna, flora e clima da região.
Ufa! Conseguiu entender como funciona a geração distribuída? Para saber mais sobre setor elétrico, GD e energia limpa, acompanhe o nosso blog e as redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube, Twitter e LinkedIn)!
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